no dia de natal ...
É sobre esta dificuldade que me vou pronunciar.
O calendário gregoriano, aceite nos nossos dias em praticamente todo o mundo, só está a vigorar desde 1582, quando foi promulgado pelo Papa Gregório XIII, tendo posteriormente sido gradualmente aceite por todos os países, pelo menos para fins seculares, embora para fins religiosos, as várias religiões, como o islamismo, judaísmo e muitas outras, continuem a guiar-se pelos seus antigos calendários principalmente para a marcação das suas festas religiosas.
Assim, caso se encontrasse algum velho manuscrito com uma preciosa referência ao nascimento de Cristo, esta não estaria certamente mencionada em relação ao nosso calendário gregoriano, mas certamente em relação a algum dos calendários do início da nossa era.
Para termos uma ideia, o ano de 2010 que em vamos entrar corresponde às seguintes datas:
2010 do calendário gregoriano
6723 do período juliano
5769 da era israelita
713 olimpíada. (Não se trata de ano, mas dum período de 4 anos)
2763 da era romana
2759 da era de Nabonassar (da Babilónia)
2048 da era de César ou hispânica.
Podemos ainda acrescentar, como datas posteriores a Cristo que o ano 2010 será o ano
1430 da era muçulmana
914 anos depois da fundação da Monarquia Portuguesa
510 anos depois de Pedro Álvares Cabral descobrir o Brasil
512 anos depois de Vasco da Gama chegar à Índia.
Mas, se para determinar no ano é difícil, muito mais difícil seria acertar no mês e no dia, pois na maior parte das antigas civilizações o mês é lunar e o ano não começa em 1 de Janeiro, mas na Primavera.
Aliás, é fácil de se compreender que o ano comece na Primavera, se nos lembrarmos de que praticamente todas as grandes civilizações, como a Babilónia, Egipto, Grécia, Roma, Índia, China, Japão etc, estão no hemisfério norte, onde depois das neves derreterem (nuns casos), ou da época das chuvas terminar (noutros casos), é que os terrenos são novamente cultivados e começa um novo ciclo de vida. E não podemos ignorar que a astronomia nasceu para dar apoio à agricultura.
Mas há ainda outro pormenor que vem complicar ainda mais. É que o número de meses lunares do ano, não é número inteiro. Não é possível “acertar” o mês lunar só porque o ano chegou ao fim, pelo que muitas vezes há meses lunares que correspondem a dois anos seguidos (últimos dias dum ano e primeiros dias do ano seguinte).
Não pensemos que, se por acaso a arqueologia descobrir algum antigo manuscrito com uma referência ao dia em que Jesus nasceu, o problema do dia do Natal estaria resolvido. Penso que, bem pelo contrário, teríamos outro problema de saber quais os critérios a seguir para fazer corresponder esse dia ao nosso calendário gregoriano.
Mas será assim tão importante saber em que dia do ano Jesus nasceu?
Se fosse assim tão importante, certamente que os evangelhos teriam preservado essa informação.
Muito mais haveria a dizer sobre o assunto... As várias correcções aos calendários através dos tempos, a origem dos nomes dos dias da semana na maior parte das línguas dos nossos dias, mas não tanto na nossa língua, os nomes dos meses etc, tudo isso está ligado com a mitologia. Mas deixemos isso para quem quiser estudar o assunto e vamos nós, prezado irmão ou irmã, tentar viver cada dia, pensando que pode bem ser esse o dia em que Jesus nasceu. Talvez tal informação foi omitida, pois é preferível desconhecermos esse pormenor, para que pensemos que qualquer dia do ano poderá ser o dia em que Jesus nasceu, o verdadeiro dia de Natal.
