sexta-feira, 2 de abril de 2010

Um outro evangelho :

Foi Juan Carlos Ortiz, na década de 80, através do seu livro O Discípulo que alertou-nos para um outro evangelho que vem sendo espalhado à larga e que tem dominado a maneira de pensar de muitas igrejas evangélicas. Ortiz o chama de "evangelho das ofertas" ou "evangelho segundo os santos evangélicos", que nada mais é do que o alardeado e aparentemente combatido "evangelho da prosperidade". Evangelho este praticado por vários e importantes segmentos do meio evangélico, que faz do homem o centro de tudo, por isso designado também de "evangelho antropocêntrico".
Tal evangelho faz de Deus um servo do homem.
É como se Deus existisse em função de fazer-nos felizes.
Eis algumas falas bem características daqueles que esposam este "outro evangelho":
Ø "Entregue sua vida a Jesus e a prosperidade baterá a sua porta";
Ø "Enfermidades não mais poderão vir sobre você, pois Jesus levou sobre Si todas as enfermidades";
Ø "Aquele que crê, de fato, em Jesus não mais tem de andar de carro velho, pois como filho do Rei, passa a ter direito a um zero quilômetro";
Ø "Deus não quer que nenhum de seus filhos seja pobre, por isso reivindique d'Ele os seus direitos de filho. Pobreza material é sinal de pobreza espiritual";
Ø "Qualquer enfermidade na vida de um crente é evidência de pecado, pois aquele que realmente anda em obediência a Deus nenhum mal chegará a sua tenda";
Ø "Pense e fale positivamente, pois há poder em suas palavras. Aquilo que você fala lhe acontecerá'".
Repudiamos essas propostas sedutoras, e, aparentemente bíblicas, mas são muitos os que têm embarcado nessa pregação que atrai as multidões. Basta, a qualquer pregador que quiser hoje ser popular e ver sua igreja crescer, entrar para essa corrente do pensamento positivo. Num momento de crise econômica, com taxas elevadíssimas de desemprego, tal pregação soa como bálsamo para muitos, e as multidões são atraídas pelos "pães e peixes".
No entanto percebemos ser tal pregação um outro evangelho.
Paulo disse aos Galatas:
"Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema" (Gl 1.6-9).

Esse "outro evangelho" denunciado por Paulo, e que estava cativando o coração dos crentes da Galácia era o "evangelho da justificação pela guarda da lei", incluindo a necessidade da circuncisão dos gentios, tornando-os assim parte do povo de Israel. Não é exatamente o que hoje estão pregando os adeptos da "teologia da prosperidade", mas Paulo deixou em aberto que qualquer "outro evangelho" que fosse pregado deveria ser anatematizado.
Qual foi o evangelho que Paulo apresentou aos Gálatas? Seguramente o "Evangelho do Reino"', ou seja, do governo de Jesus sobre todas as áreas da vida.
Na pregação do Evangelho do Reino fica evidente o
Ø "negar-se a si mesmo", o
Ø "tomar a cruz", o
Ø "buscar em primeiro lugar o Reino de Deus", o
Ø "abrir mão dos seus direitos", o
Ø "servir ao invés de ser servido".
Nesse "outro evangelho" o que se percebe claramente é a busca dos seus interesses egoístas, a defesa e reivindicação dos seus direitos, a cura e a prosperidade material como direitos adquiridos dos filhos do Rei, ou seja, as benesses do Reino já.
Daí a fala estranha:

Ø "Eu exijo", Eu determino

Ø "Eu reivindico",

Ø "Eu ordeno", etc.

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